Cefaleia (ou dor de cabeça) é um dos sintomas mais freqüentes na prática clínica neurológica e um dos sintomas que mais se associa com outras doenças sistêmicas. É também a terceira causa mais comum de ausência ao trabalho, podendo afetar várias áreas da vida do indivíduo, seja profissional, social e emocional. Migrânea (ou enxaqueca) é classificada pela Organização Mundial de Saúde como uma das 20 doenças mais incapacitantes. Entretanto, parte dos pacientes que sentem cefaleia sofrem em silêncio, sem procurar um especialista para avaliação. A cultura geral que afirma “é só uma dor de cabeça” tem uma influência importante neste comportamento. Assim, uma grande parcela da população perde qualidade de vida em função deste sintoma.
Conforme artigo publicado no Lancet Neurology em 2008, a prevalência de cefaleia na população adulta em geral é de 47%, sendo 10% para migrânea, 38% para cefaleia tipo tensional e 3% para cefaleias crônicas com duração maior que 15 dias. É mais frequente em mulheres entre 25 e 55 anos de idade. Os custos sociais relacionados à cefaleia, em geral, incluindo perda de dias de trabalho e gastos com tratamento, são amplos. Cefaleia é causa de sofrimento, incapacidade e perda de qualidade de vida, sendo uma das causas mais importantes de dor crônica na população.
A Classificação Internacional das Cefaleias (2013) divide as cefaleias em dois grandes grupos:
1) Cefaleias primárias, em que o sintoma corresponde à doença em si. As principais cefaleias primárias são a cefaleia do tipo tensional e a migrânea (enxaqueca).
2) Cefaleias secundárias, causadas por outras doenças que têm como manifestação clínica a dor de cabeça. Diferenciar entre estes dois tipos de dor será o principal desafio do médico que atende um paciente com cefaleia, podendo muitas vezes gerar insegurança e preocupação.
Para facilitar a abordagem primária de um paciente com cefaleia, devemos estar sempre atentos aos sinais de alarme, que indicam a presença de cefaleia secundária e risco de patologias mais graves.